Género masculino vs feminino: factor relevante para as respostas farmacológicas e efeitos adversos de fármacos?

  • Vera Marisa Costa Instituto Superior de Saúde do Norte e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Portugal. REQUIMTE - Laboratório de Toxologia, Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Portugal.
  • Maria de Lourdes Bastos REQUIMTE - Laboratório de Toxologia, Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Portugal.
  • Félix Carvalho REQUIMTE - Laboratório de Toxologia, Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Portugal.

Resumo

As diferenças de eficácia dos fármacos, bem corno a sensibilidade para os seus efeitos adversos, entre o género masculino e o género feminino, constituem um tema de interesse actual e incontornável numa sociedade em que se pretende que as terapias individualizadas assumam uma importância crescente. No passado, as mulheres foram sub-representadas, ou mesmo excluídas, da participação em estudos clínicos durante o desenvolvimento de novos fármacos, assumindo-se que as diferenças entre o género feminino e masculino na farmacocinética e/ou farmacodinâmica desses novos fármacos não eram relevantes. Essa exclusão era igualmente justificada pela necessidade de uma amostragem muito superior que a inclusão de mulheres nos estudos implicaria. Actualmente, a noção de homogeneidade entre géneros tem vindo a mudar, pelo que as diferenças entre géneros têm vindo a ser consideradas relevantes e com implicações na eficácia e na segurança dos mais variados fármacos. Esta mudança de comportamento não será alheia ao facto de se ter verificado que o risco de reacções adversas a fármacos, no sexo feminino, pode atingir valores 1,5 a 1,7 vezes superiores quando comparado com o sexo masculino. Neste artigo é apresentada uma visão geral do estado actual do conhecimento sobre os mecanismos fisiológicos e moleculares responsáveis por esta variabilidade entre géneros e o impacto que tem relativamente a alguns medicamentos clinicamente relevantes e altamente consumidos em Portugal. 

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